segunda-feira, 5 de julho de 2010

Oi Mamãe



Oi Mamãe.


A muito estou acordado,


mas de ti já não sinto o afago.


Acordei recentemente e depois de muito,


percebi que estavas longe,


e eu muito longe de ti.


Seu calor e sua vibração


não chegam a mim.


Em muitos momentos vejo pessoas


que estão em seu leito,


muito parecidas comigo,


possivelmente até parentes


longínquos e extemporâneos.


Fico triste pois seria legal,


ver que possuo uma família,


grande como você é,


e como eu te vejo.


Mas você é muito sofrida,


te machucam muito,


a muito tempo.


Estou impossibilitado


de algo fazer por ti Mamãe,


assim choro e tento lutar


da melhor forma que puder,


da melhor forma que eu conseguir,


do jeito que você sempre ensinou,


para mim e meus irmãos.


Você sabe que não estou sozinho,


sou um entre tantos outros,


milhares e mais,


milhões que aqui tentam buscar carinho,


mas você está longe.


De teu leite eu nunca provei.


De tuas mãos ásperas pela dor,


pelo terror e também pelo rancor,


eu não tive o contato do carinho.


De sua grandiosidade,


eu não cheguei perto do colo.


Sofro Mamãe e estou chorando.


Por que vejo que você também sofre


e chora mais do que todos aqui.


Existem outros também Mamãe,


que estão longe de mim,


mas eu falo com eles,


eles tem se mostrado,


sem tambor mas com rumor.


São também seus filhos.


Ouvi em minha ínfima essência


que temos muito mais irmãos


até muito diferentes do que eu,


do que muitos que aqui estão,


mas eles não me chamam de irmão.


Talvez por fala de consideração,


dizem por falta de comiseração.


Eles sequer me deixam viver


adequadamente como família.


Sem apoio, sem mãos, sem ombros,


totalmente sem corpos unidos,


sem o chamado calor humano.


Mamãe, por que você está tão longe?


Chama-me ao teu encontro.


Por que se o fizer, eu irei.


Mas você não me chama


de novo para o seu seio


por que eu não consigo arrumar


uma forma de ir te ver,


de ter seu calor, de apreciá-la


em todo o seu estonteante amor,


também por que nos ensinastes,


a vencer sem esmorecer.


Mamãe escuta meu chamado,


pois sou mais um filho seu,


sou mais um chamado ser humano.


Sou mais um que veio para cá,


por força de outros sem tato,


gananciosos e degredados.


Sou considerado até diferente,


pois tentam me camuflar em atos,


em palavras por dizer ser


politicamente corretas,


para apagar aquilo dissimulado,


que sempre fizeram e nunca assumiram.


Me chamam de Afro-brasileiro Mamãe,


por que não sabem explicar o por que


de eu estar aqui sequestrado,


tungado, arrebatado, violado,


por preço apresentado acorrentado,


do teu seio, do teu calor,


do teu amor.


Estou aqui Mamãe,


Aqui me chamam de tudo


NEGRO, NEGRINHO,


PRETO, PRETINHO,


MULATO, MULATINHO,


e outras coisas que não quero falar,


para não mais te magoar,


mas NEGRO mesmo é a cor de seus corações


pois quando eles se achavam cultos


colocaram seus filhos para trabalhar


em estruturas forçadas e nojentas.


Mas perderam-se em suas regras,


e acabaram por nos aceitar,


não tanto como deveríamos,


mas agora nos "engolem"


nos suportam, e nos observam.


Mas eu estou aqui Mamãe,


pois sei que lhe devo muito,


minha vida, essência, viver,


sou seu fruto e vim de ti.


Amo-te como a minha mãe biológica


Pois tu nos gerastes,


e de ti saíram todos nós,


ditos seres racionais e humanos,


a seu tempo e a cada evolução.


Assim digo, Oi Mamãe.


Amo-te Mamãe África.


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OBS.: Manifestação que faço às pessoas, entre elas Priscila Cáliga, participantes do Blog denominado - :Parceiros de Escrita: - em Poesia intitulada "Eu estou num palco, milhares de olhos em mim". Trata-se de uma Poesia musicada.

Ilustração reproduzida do próprio Blog supra mencionado, da qual não sei dizer o nome e seu autor, mas a eles Todos os Direitos Reservados.

Reproduzo abaixo a íntegra da Poesia, a referência a um Vídeo denominado "Albertine" by Brooke Fraser, postado no Youtube, e a ilustração sem nome a que me referi. Aqui também manifesto que Todos os Direitos Reservados àos seus Autores.


Terça-feira, Junho 15

Eu estou num palco, milhares de olhos em mim






Eu estou esperando sentada, e penso em Angeline
A voz da sua mãe ao meu redor
E os tiros da guerra onde já houve silêncio

No alto de um monte milenar
Eu penso em Albertine
Lá nos seus olhos, o que eu não vejo
com os meus olhos

Ruanda,
Agora que eu já vi
Eu sou responsável
A fé sem atos é morta
E agora que eu te tive em meus próprios braços
Eu não posso deixar você ir

E eu estou num avião
Num lugar distante no mar
Mas eu te carrego em mim
Na areia que ficou nos meus pés


Eu vou contar ao mundo
Vou contar a eles onde eu estive
Eu vou manter minha palavra
Vou contar-lhes, Albertine


Fraser, Brooke



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