terça-feira, 20 de julho de 2010

O Olhar de um Deus.

Uma grande gota de água
em slowmotion aparece
e nas cavidades e profundas
do globo ocular choca-se.
E nesse estático momento
percebe-se a concepção
de todas as formas
refletidas nas extremidades
onduladas e curvilíneas
reduto final de reserva
da força explosiva.

Do impacto dessa massa
vislumbra-se a fissura
negra e estreita
como um olho aberto
em posição vertical
e se propagando
em direção ao espaço
rumando ao Universo.

E é assim que te vejo
olho animal, bestial
de quem já foi amado
adorado como um Deus
nas terras áridas
onde grandes construções
eram eregidas para repouso
eterno e cintilante
como o azul que transcende
assim que fixamos
novamente na gota
que agora vai explodir.

20.7.10


Manifestação ao trabalho de Priscila Cáliga aqui reproduzida, denominado "A Curva de Teus Olhos", com ilustração sem título e sem referência de Autor, e finalizada com um escrito de Paul Éluard.

Todos os Direitos Reservados aos Autores e para a Ilustração aqui reproduzida.

2010-07-19

A Curva dos Teus Olhos

Olhos narram no salão o rubro
Tinta a molhar sem cessar a pele
A música exprime o sentir da linguagem
Transpirar dos passos ofertantes,
Como cortinas de vento nas madeixas
Aspirar como doces aprendizes
Inspirar o que venta poesia
Tango a libertar do vazio,
Que acertam os passos em afagos
Corpo a corpo
Alma a Alma
Espírito atrás do pensamento no pincel
Ninho
Ao mar,
Espelhar-se nos olhos do céu ou da noite
E as paredes da casa com a pele incomum
A desfilar histórias das glórias
Nas idas e voltas a fazer sentido
Ante uma doce coreografia
O enlaço da lua,
Movimento sublime a decolar
Ser-se pluma e vôo


a curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito. é uma dança de roda e de doçura. berço nocturno e auréola do tempo, se já não sei tudo o que vivi. é que os teus [meus] olhos não me viram sempre. folhas do dia e musgos do orvalho, hastes de brisas, sorrisos de perfume, asas de luz cobrindo o mundo inteiro, barcos de céu e barcos do mar, caçadores dos sons e nascentes das cores. perfume esparso de um manancial de auroras. abandonado sobre a palha dos astros, como o dia depende da inocência. o mundo inteiro depende dos teus olhos. e todo o meu sangue corre no teu olhar.

Éluard, Paul

Canteiro Pessoal
6 FRUTOS

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