quarta-feira, 14 de julho de 2010

Da Janela Do Ônibus

Material reproduzido do Blog.ig.com.br do amigo Tarcísio Motta, companheiro de muitos anos e muitas conversas, hoje um pouco afastados, posto nossos compromissos, mas de uma saudade inquietante. A ilustração tem crédito e o texto é do amigo, assim Todos os Direitos Reservados àos seus Autores. Minha manifestação ao escrito do amigo Tarcísio, segue após a ilustração abaixo.



20/11/2008 - 20:27


Sandálias da Humildade



Plano baixo
calça fusô preta
uma sandália preta
quase franciscana
no outro pé
uma sandália prateada baixa
resquícios da quarta feira de cinzas
lembranças de andarilhos da fome
lembranças de passistas e carnaval
Plano médio
uma bermuda escolar colorida
um saco puído nas costas
cheio de equipamentos de sobrevivência
catados no lixo:
latinhas, jornais velhos, caixas de papelão…
Close alto quase close um retrato
da miséria do absurdo de tristeza de loucura
barba de seis meses por fazer
cabelos endurecidos
trinta anos multiplicados em dobro…
Retratos da sociedade
captados nas ruas
por olhares atentos de alguém que passa vê e esquece






Autor: tarcisio motta - Categoria(s): Sem categoria

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Da Janela do Ônibus

Fui ao Habib's,

Passei no Mac Donald's,

Desfilei no Pizza Hut,

Me alterei no Bobs,

Fui oprimido no Burguer King.

Só me restaram os pets

Que tentaram me tirar

Por acharem que era de marca

Horrível como da Coca Cola,

Gazeificado como da Antártica,

Sem sabor como da Dolly.

Eram de água mesmo que alguém

Sem educação e sem me ver

Atirou na parte da manhã

Daquele ônibus que vinha da Zona Sul

Dessa ou de qualquer outra Cidade.

2 comentários:

  1. Duka esse texto. Vc escreve bem pra caralho. Eu estou literalmente distante, hoje no Rio de Janeiro, por exemplo. Mas eu não esqueço de vocês.

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  2. Desbururu, esses pés me remetem no projeto que um amigo abriu em Angola, uma 'escola'. Temos uma dívida para com esse povo, e precisamos voltar nossos olhos para eles, e proporcioná-los condições humanas de existência digna, partilharmos do pão com o nosso semelhante, também, olharmos a nossa volta 'cidade', 'Brasil', pois há muitos vivendo em condições subumanas.

    Abraços.

    Priscila Cáliga

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