O Cético

A visão que me chega é de um rosto saindo de uma espessa nuvem

O fog é por demais intenso, que somente dá para ver uma caixa craniana

Meio distante, meio intangível, a meio caminho de nada ou lugar algum

Pouco pode se aperceber, mas ali, em algum lugar pode-se ver uma boca

Os olhos aparentam estar perdidos, como o vapor dá essa demonstração

Porém eles lá estão e abertos, muito acanhados talvez, observam

A boca está semi-cerrada, com uma exata demonstração de estupefatação

Não vejo fios de cabelos, mas creio que eles ali se encontram

Mas se não estiverem qual será a diferença ou não de existirem?

Vejo que o olhar é longo, observador, também muito intenso

Como tudo o que está em volta também o é

Outras formas podem ser vistas, mas eu não me esforço neste sentido

Não desejo descobrí-las, elas não me apetecem

Pretendo deixar que elas surjam para outros, não para mim

Não quero desviar meu foco, não quero desviar minha escrita

Por que desviar o sonho se ele está bom, e sempre que está bom a gente acorda

Ainda consigo perceber os olhos e eles ainda estão pairando quietos

Vêem a folhagem, vêem a natureza, ou parte dela

Ou um mínimo de representação que ela faz

Olha como se este galho estivesse fora de posição, fora do contexto

Mas para que é que serve mesmo o contexto?

Tudo o mais é uma diversidade incomensurável de cores

Muitas cores e tons e misturas que se podem perceber

A percepção também me leva a observar outras coisas

A acreditar de que não estou "viajando"

Mas é tão bom "viajar", todo mundo "viaja"

Quero, vou e continuarei "viajando"



Mas nada é tão certo quanto aquele cético que diz em nada acreditar

E apenas me diz que isso é

Uma noite

Com lua

Numa praia bem distante

E a árvore por algum motivo quis aparecer.



Que bom que ela não ficou de fora.



Mas o cético tinha mesmo que aparecer???

Sim ......... ele apareceu e ainda disse que está vendo uma montanha.


OBS.: Foto meramente ilustrativa, retirada da internet, todos os direitos reservados ào seu autor.