terça-feira, 29 de junho de 2010

As Dimensões e as Dores




Fecho meus olhos, me concentro e busco nada mais escutar.


Além do ronco do meu computador, um cão ao longe se manifesta.


Minha cadeira já velha, geme em razão do peso de minha gula.


Tento me concentrar, tento não pensar em mais nada.


Os olhos estão fechados, mas vejo o teclado, acompanho-o.


A cão que estava ao fundo cansou-se e acho que foi dormir.


Muitas pessoas agora estão se recolhendo, estão indo descansar.


Infinita quantidade de pensamentos sobre o agora, o amanhã.


É terça feira, amanhã meio de semana e depois o final virá.


Festa, reunião, churrasco, casamento, muito o que fazer.


Fim de mês, nenhum dinheiro, só a vontade de tê-lo.


A cadeira range novamente e eu enraivecido estralo meus dentes.


Quero escrever, gosto disso e quero ter um momento,


mesmo que seja pequeno de colocar algo para fora.


A mente está se abrindo aos poucos, sinto que estou mais só.


Minha cama está pronta, mas eu não quero ir para ela.


Quero ter meu momento só, meu momento de pensar,


de estar comigo mesmo, de talvez com esse ato, orar.


Viver com o Criador e tentar estar mais próximo dele.


Tão próximo e tão longe, coisa de dimensões.


Creio que as dimensões que existem por aí,


de onde viemos e para onde iremos, são como a dor.


Ela surge extemporâneamente, sem avisar as vezes.


Centra-se em algum lugar em nosso corpo sensível,


e começa a dar os sinais de sua presença,


o ar de sua graça, o início de nosso ódio para com ela.


E com seu surgimento, vem os primeiro incômodos,


e o princípio do mal estar, das observações perdidas,


das faltas de atenção e de outros sentimentos,


que nos levam para detalhes de nossa existência,


não mais fecundos naqueles momentos antes dela.


Os momentos passam e ela começa a demonstrar


com mais aceleração sua presença já constante.


Consegui esquecer dela um pouco pois a cadeira,


mostrou novamente que está e me suporta.


Nova onda de sua presença, e agora mais certa.


Posicionando-se na sua base e informando mais,


que tem intenções de prosperar e de não dar trégua,


avisando que é hora de começar a pensar,


rápido e bem sobre um analgésico qualquer.


Meus pensamentos tentam esquecê-la,


desviando-me para um filme que ontem assisti,


tema futurista, com cenas de cataclismo passado,


poucas pessoas conscientes, a velha miséria,


pois isso é coisa somente do ser humano,


e homens se matando em razão de uma escrita.


Um texto que hoje é um dos mais vendidos,


em todo o mundo ocidental, e que foi base,


para esta ficção, bem entabulada a meu ver.


Tento lembrar das melhores cenas,


mas ela se demonstra irredutível,


começando a demonstrar sua ignorância,


e passando a pulsar com maior frequência,


me levando a pensar que esse movimento


é o que sinto como latejação,


como laceração do consciente,


para o início do estar doente.


Ela demonstra que não é falha, é forte


e suas armas são simples mas letais,


atacam minhas células e as deixam tontas


em estado de azáfama mental.


Sinto que a noite será longa,


não será necessário deixar o relógio preparado,


não haverá seu toque de despertar.


Pois estarei acordado em algum momento,


e tentarei de todas as formas elimina-la


A qualquer custo e de qualquer jeito.


Este será meu prêmio, a paz.


Volto a pensar naquele filme,


ele tem bom enredo e foi bem filmado


poucos atores conhecidos, talvez três.


Eles se interagem buscando conhecimento


que está no livro, onde um o conhece bem,


e o outro o deseja para ter poder,


para subjugar e perpetrar seus ímpetos


de querer, de ser e de ter.


A trama é interessante, mas chega de contar


o fim é com quem acha que deve assisti-lo


Eu não darei o título pois é melhor saber,


se depois do que disse alguém o achou


e comentar sobre isso.


Vejo que já estou em outra dimensão


pois consigo já controla a dor de outra forma,


eis que me acostumei a ela, e tento equalizá-la


tento dizer para mim mesmo que essa dor,


não é tão forte e eu sou mais que ela.


Eu sou e ela não é nada, apenas algo incomodativo,


mas que a um toque sumirá


da mesma forma como apareceu.


Eis aí o meu conceito de dimensão.


É um estar raciocinando de outra forma.


É um estar diferente do que estávamos antes.


É como imaginamos como foi nossa vida.


Como poderá ser depois a nossa existência.


O que nos faz ser aqui algo e depois outra coisa


e isso todos sentem e percebem que é por aí.


Ninguem se omite ou esconde e tem isso claro.


Somos o que somos em razão de alguma coisa,


e isso pode ter sido com ou não, mas foi ou será,


Isso é evolutivo, pois nos faz pensar


no ontem, no hoje e no amanhã.


Já falaram em algum tempo nesta contemporâneidade.


Que o dia de hoje deve ser,


melhor que o dia de ontem


e pior que o dia de amanhã.


Esse ditado tem muito fundamento.


E assim é mais uma forma que tenho,


para asseverar sobre as dimensões que falo,


eis que já estou em uma terceira, melhor


pois a dor já não está mais presente.


Estou focado em aqui escrever,


e ela já é minha companheira,


me aquecendo e compartilhando momentos,


como este que escrevo e ela me acompanha,


ou o contrário, sei lá mais onde está a razão.


A compreensão disso é que nos torna diferentes,


nos torna mais seres humanos e responsáveis


de nossas responsabilidades perante nós,


os outros e pelo mundo que vivemos.

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